CONHEÇA O GOOGLE X, O LABORATÓRIO SECRETO DA GOOGLE

Elevadores espaciais e robôs para substituir funcionários em dias de trabalho remoto são alguns dos experimentos realizados
Em um laboratório super secreto em uma região não revelada onde os robôs andam livremente, o futuro está sendo imaginado. É um lugar onde sua geladeira pode estar conectada a internet, assim ela pode encomendar comida quando elas estão acabando. Seu prato pode publicar nas redes sociais o que você está comendo. Seu robô pode ir para o escritório enquanto você fica em casa de pijamas. E você pode, talvez, pegar um elevador para o espaço.
Google pesquisa novos negócios para investir no futuro em laboratório secreto

Estes são apenas alguns dos sonhos que estão sendo perseguidos no Google X, um laboratório clandestino onde o Google está trabalhando em uma lista de 100 ideais estelares. Em entrevistas, algumas pessoas discutem a lista; alguns trabalham no laboratório ou em algum outro lugar no Google, e alguns foram informados sobre o projeto.Mas nenhum deles pode falar sobre suas atribuições, porque o Google é tão discreto sobre este projeto que muitos funcionários nem sabem que o laboratório existe.
Apesar de muitas das ideias dessa lista estarem no estágio conceitual, totalmente longe da realidade, duas pessoas informadas sobre o projeto dizem que um dos produtos pode ser lançado no final de 2011, mas eles não disseram qual é. “Eles estão muito à frente agora”, diz Rodney Brooks, professor emérito do laboratório de inteligência artificial e ciências da computação do Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT, na sigla em inglês) e fundador da Heartland Robotics. “Mas o Google não é uma empresa qualquer, então quase nada se aplica.”
Em quase todas as empresas do Vale do Silício, nos Estados Unidos, inovação significa desenvolver aplicativos ou publicidade online, mas o Google se vê de maneira diferente. Mesmo depois de se transformar em uma das maiores empresas e das start-ups ficarem para trás mordendo seus calcanhares, o laboratório reflete a ambição de ser um lugar onde a pesquisa e desenvolvimento inovadores estão acontecendo, conforme a tradição do Xerox PARC, onde o moderno computador pessoal foi desenvolvido na década de 70.
Jill Hazelbaker, porta-voz do Google, preferiu não comentar nada sobre o laboratório, mas disse que investir em projetos especulativos é uma parte importante do DNA do Google. “As possibilidades são animadoras, mas tenha em mente que a soma investida nestes projetos é muito inferior ao que investimos em nossos negócios principais.”
No Google, que usa técnicas de inteligência artificial em seu algoritmo de busca, alguns dos projetos podem não parecer tão bizarros como eles aparentam, embora eles desafiem os limites do negócio de buscas na web.
Os elevadores para o espaço, por exemplo, uma fantasia de longo prazo dos fundadores do Google e outros empreendedores do Vale do Silício, poderia coletar informações ou levar coisas pesadas para o espaço. (Em teoria, eles envolvem viagens para o espaço sem foguetes por meio de um cabo ancorado na Terra.) “O Google está coletando informações sobre o mundo, então agora ele que coletar dados do Sistema Solar”, diz Brooks.
Sergey Brin, cofundador do Google, é um dos mais envolvidos no Google X, segundo fontes

Sergey Brin, cofundador do Google, está profundamente envolvido no laboratório, segundo diversas fontes e chegou com a lista de projetos junto com Larry Page, outro cofundador do Google, que trabalhou no Google X antes de se tornar CEO em abril; Eric Schmidt, presidente do conselho do Google; e outros executivos de primeiro escalão. “Eu gasto meu tempo em projetos de longo prazo, que esperamos que se tornem importantes negócios para a empresa no futuro”, disse Brin recentemente, apesar de não mencionar o Google X.
O Google pode transformar uma dessas ideias – um carro sem motorista que foi testado em rodovias da Califórnia no ano passado – em um novo negócio. Pouco impressionado com o espírito de inovação dos fabricantes de veículos da cidade de Detroit, o Google está considerando fabricar os veículos em outra parte dos Estados Unidos, disse uma pessoa informada sobre o projeto.
O Google poderá vender tecnologia para os carros e, teoricamente, pode mostrar anúncios geolocalizados para os passageiros enquanto eles buscam por pontos de interesse e jogam Angry Birds no assento do passageiro.

Os robôs são figuras presentes em várias das ideias. Eles chamaram a atenção dos engenheiros do Google, incluindo Brin, que já participou de uma conferência por meio de um robô, em vez de comparecer pessoalmente.
As frotas de robôs poderiam ajudar o Google a coletar informações, substituindo os humanos que fotografam as ruas para o Google Mapas, de acordo com fontes que conhecem o Google X. Os robôs nascidos no laboratório poderão ser destinados para casas e escritórios, onde eles poderão ajudar as pessoas em tarefas mundanas ou, segundo as fontes, permitir que elas trabalhem remotamente.
Outras ideias envolvem o que o Google se referiu como a “web das coisas” durante a Google I/O, conferência para desenvolvedores realizada em maio – uma forma de conectar objetos a internet. Toda vez que alguém usa a web beneficia o Google, segundo argumenta a empresa, então seria bom para o Google se os eletrodomésticos e os objetos que podemos vestir, pudessem se comunicar por meio de uma rede Wi-Fi com os dispositivos que rodam o sistema operacional Android.
Um engenheiro que conhece o Google X diz que o laboratório funciona de forma tão secreta quanto a CIA – ele conta com dois escritórios: um deles não identificado para logística, no campus de Mountain View, e um para robôs numa região secreta.
Enquanto engenheiros de software trabalham firme em outras áreas do Google, o laboratório é povoado por engenheiros de robótica e engenheiros elétricos. Eles foram encontrados pelo Google na Microsoft, Nokia Labs, Universidade de Stanford, MIT, Carnegie Mellon e Universidade de Nova York.
Um dos líderes do Google X é Sebastian Thrun, um dos maiores especialistas do mundo em robótica e inteligência artificial, que ensina ciências da computação em Stanford e inventou o primeiro carro sem motorista do mundo. Também trabalha no laboratório Andrew Ng, outro professor de Stanford, que se especializou em aplicar neurociência na inteligência artificial para ensinar robôs e máquinas a operar como humanos. Confira no vídeo abaixo um discurso recente de Thrun (em inglês) sobre os carros autônomos:

Johnny Chung Lee, um especialista em integração homem-máquina, chegou ao Google X contratado da Microsoft neste ano após ajudar no desenvolvimento do Kinect, o acessório de Xbox 360 que responde aos movimentos e à voz humana. No Google X, onde ele está trabalhando com a web das coisas, ele ganhou o misterioso cargo de “avaliador rápido”.
Como o Google X é um celeiro de grandes apostas que podem se tornar fracassos colossais ou o próximo negócio do Google – e a empresa pode levar anos para compreender isso – a própria ideia de fazer estes experimentos pode assustar alguns acionistas e analistas de mercado. “Esses projetos são uma coisa totalmente Google-y para eles”, diz Colin W. Gillis, um analista da BGC Partners. “As pessoas podem não gostar disso, mas eles toleram porque o negócio principal de busca está fazendo sucesso.”
Page tentou acalmar os analistas dizendo que estes projetos loucos são uma pequena parte do trabalho do Google. “Existem alguns poucos projetos especulativos acontecendo, mas somos gestores muito responsáveis com o dinheiro de nossos acionistas”, ele disse a analistas em julho. “Não estamos apostando a fazenda nisso.”

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